Historial

O que é o Karaté? 

Karaté é uma palavra japonesa que significa "mãos vazias". Isto porque um Karateka (praticante de Karaté) utiliza, durante a sua prática, as suas armas naturais, como: visão, mãos, braços, corpo, pés, e cérebro.
O karaté é uma arte marcial oriental, cujas componentes física e mental fazem dele uma modalidade equilibradora do ser humano.
Do ponto de vista físico, o karaté, pode afirmar-se, é um excelente exercício. A paridade na utilização dos braços e das pernas, à direita e à esquerda, em rigorosa coordenação, proporciona ao praticante um desenvolvimento corporal harmonioso, robusto e de rara agilidade.
Do ponto de vista mental, o karaté, pela característica marcial de todos os seus gestos técnicos (movimentos de ataque e de defesa), obriga os praticantes a familiarizarem-se com situações adversas ao mesmo tempo que lhes é ensinado o domínio da extensão dos movimentos e o controlo emocional. Esta característica do karaté garante ao karateca a aquisição de nobres qualidades de carácter moderadoras da personalidade confiante, fazendo dele um ser social racional e civilizado.

A Origem do Karaté

A origem e história do Karaté é muito incerta. Não existe mesmo uma data ou uma época em que possamos verdadeiramente definir o princípio do Karaté. No entanto, reportando á bibliografia da especialidade, todos os historiadores, autores e mestres que escreveram sobre este assunto são unânimes em estabelecer a ligação com o nome do patriarca do Zen, "Bodhidarma" estritamente ligado ás primeira formas de Karaté como método de combate e ao mesmo tempo exercícios em que o corpo e espírito participariam com uma noção de indivisibilidade, que permitiriam ao homem a ascensão à "verdade única", quer dizer, a um estado de iluminação e de clareza que lhe daria o verdadeiro conhecimento e a paz de alma. Recuando ainda mais através da história, contam certos manuscritos antigos que viveu na Índia um príncipe que passava o tempo a observar os animais nos seus combates e analisava atentamente os seus movimentos. Ele classifica todas as suas observações e tenta transpor um certo número de técnicas de combate dos animais de pressa e voo para serem utilizadas pelo homem. Numa segunda etapa, o mesmo príncipe sacrifica algumas centenas de escravos na busca exacta do sítio onde se encontravam os pontos vitais do corpo humano. Esta lenda, verdadeiro banho de sangue inútil, não tem todavia qualquer relação com a utilização milenária chinesa, dos métodos de "Acupunctura", o processo de picagem com agulhas nos pontos principais sensitivos, para reanimação e até cura de certas doenças. Também na china o Karaté era conhecido há cerca de 5000 anos, onde era praticado, contudo, com um sentido mais ginástico, (mas sempre como imitação simplificada do movimento de ataque e defesa) destinado a manter o equilíbrio e diminuir a tensão nervosa. A fonte de inspiração foi ainda a observação dos animais ferozes como o tigre, a águia, etc. Esta imitação dos animais tem, contudo, um sentido lógico e extraordinariamente concreto. Com efeito, se estudar-mos atentamente o ataque da pantera, o chamado "bote felino" encontraremos uma velocidade de ataque relâmpago e sempre ao ponto sensível dos animais carnívoros, a veia jugular. O próprio avanço, recuo, voltagens, esquivas dos movimentos de Karaté, assemelham-se aos dos felinos em combate. É óbvio que um karateca a nível elevado pode enfrentar com êxito, em luta de vida ou de morte, qualquer tipo de animal, mesmo um leão ou um tigre. Contam certas lendas orientais que existiu um guerreiro japonês, já em épocas recentes, que, para divertimento do seu príncipe, enfrentava com as mão vazias qualquer animal feroz, aniquilando-o a golpes de Karaté, a ponto de esmagar o próprio crânio da fera. Já mais recentemente, em 1953, Mestre Oyama, o famoso karateca coreano inventor do estilo Kiokushinkai, diante de um público numeroso, enfrentou um touro bravo de 600 kg., abatendo-o com um golpe sobre a testa depois de lhe haver cortado os chifres tendo sido toda a cena registada e filmada. Ainda voltando ás origens do Karaté, está definitivamente estabelecido ter sido na China, com a técnica de combate designada Kempo, que avançou mais a técnica, sobretudo procurando a maior velocidade possível de execução. Esta arte era de inicio reservada aos nobres, desenvolvendo como desporto popular na dinastia de "Han", cerca de 300 anos antes de Jesus Cristo. As técnicas de combate sem armas desenvolveram-se mais na China, com a vinda da dinastia "Ming". A espantosa imaginação criadora dos chineses, (libertados da invasão Mongólia de "Gengis-Kan"), deu lugar á criação de novos métodos de combate sucessivamente aperfeiçoados.


Princípios e fundamentos do Karaté

Antes de entrar no plano da técnica do Karaté, há que dar atenção aos princípios fundamentais, teóricos e práticos, do Karaté, que são de uma importância excepcional para quem se proponha abordar o estudo desta arte. Dividiremos estes princípios em duas partes: a parte física e a parte mental, embora as duas estejam intimamente ligadas. Com efeito, se aprender-mos a técnica do Karaté e não a executar-mos com o espírito, essa técnica é apenas um conjunto de sóbrios e belos movimentos, mas não o próprio Karaté. Por outro lado, o espírito sem a técnica, por muita intensidade que possua, jamais poderá ser eficaz no combate total.Energia DinâmicaTodas as técnicas do Karaté devem, depois de assimiladas, ser executadas a fundo, quase ferozmente, no sentido de libertar e acordar a energia latente. Esse é o meio de obter a explosão de força concentrada ao mais alto grau. Aqui, a vontade de cada um joga um papel mais importante do que a simples força muscular pois são canalizadas sobre um fim especifico todas as reservas musculares e nervosas, sendo a tensão e a contracção do tipo isométrico a base de obtenção de um poder, que cada um possui latente mas que raramente é posto em execução. O potencial atlético é realmente importante em Karaté? - A resposta é não. O importante é a tensão posta no final da execução da técnica e ao mesmo tempo a coordenação de cada movimento. Aprendemos assim a bater com o punho ou com o pé na zona onde a concentração é máxima. O factor precisão na acção entra então em jogo.DescontracçãoA tensão que cito acima atravessa porém períodos relâmpagos de descontracção. Pode parecer um paradoxo, mas na realidade é possível atingir uma tensão em descontracção, que consiste num estado de espírito em que certos músculos e nervos se encontram instantaneamente prontos a intervir à mínima solicitação do "sentido",. E aqui digo sentido pois não é o pensamento que intervém neste caso, nem mesmo o consciente. Esta éuma noção difícil de exprimir por escrito, pois é tão subtilmente intuitiva, que só quem a sente a pode compreender inteiramente. Com efeito, todos sabemos a importância da "ligação" do bloco, da acção em bloco, e as "nuances" atravessadas por exemplo no recuo veloz do Kokutsu acompanhado da blocagem e a contracção e descontracção atravessada pelos membros inferiores e superiores ao passar ao contra ataque em força.RespiraçãoAs fases de força e fraqueza que o corpo atravessa são devidas à respiração. Quando expiramos, encontramo-nos vulneráveis a qualquer ataque. Dai o conselho de concentrar sempre a respiração no ataque e contrair a respiração abdominal no momento do impacto. Nunca, em Karaté, se deve agir de maneira desordenada. Uma perfeita coordenação e um perfeito equilíbrio são absolutamente necessários no que respeita à inspiração e expirarão. Daí ser por vezes monótono, para os iniciados, o tipo de treino inicial na posição zazen, onde se aprende, durante longo tempo, a respirar. Em combate de Karaté a respiração não deve transparecer ao adversário. A respiração deve ser discreta, excepto, é claro, no caso das respirações ventrais sonoras. Para o iniciado, o ler que a respiração pode ser executada com o ventre, pode parecer estranho. Aí entramos no campo do Karaté, pois a respiração pode exteriorizar-se por um grito gutural e breve, destinado mais a contribuir para a explosão de energia do que a assustar ou desorientar o adversário. Esse grito chama-se o "Kiai", que não é mais do que o estado de tensão interna que preside à execução do grito.O KiaiO Kiai pode ser sonoro ou silencioso e é um estado psicológico, mais do que um simples berro gutural. Ele é a expressão violenta duma tensão mental e física que atingiu o paroxismo, o apogeu. Esse grito é o símbolo da explosão da dinâmica física e facilita a concentração total na acção. O Kiai deve sair das profundezas dos abdominais e não unicamente das cordas vocais. O que a maioria dos iniciados, e mesmo certos cintos avançados, fazem julgando ser o Kiai é na maioria das vezes um simples grito prolongado que é mais ridículo do que inibidor do espírito adverso. O verdadeiro Kiai é usado com parcimónia e só nos momentos exactos da acção total. Todavia é tão perigoso usá-lo descuidadosamente como prescindir dele, principalmente nos Katas Heians e Tekkis. O Karaté é a procura da sensação e não da beleza e perfeição do gesto. O próprio Kiai deve ser executado em sensação e não mecanicamente, como meio de marcação do exercício executado. A um nível mais avançado não é raro ver-se a paralisação do ataque oponente através do Kiai. Certos mestres e instrutores conseguem mesmo o desmaio do adversário, por meio do Kiai. O Kiai é pois um meio de inibição e ao mesmo tempo usado como reanimação por meio da aplicação da técnica do Kuatsu, (técnica de recuperação e reanimação de desmaio provocado por pancadas, luxações e projecções, etc.). Para chegar ao estado psicológico necessário à explosão do Kiai é pois necessária não só uma execução intensa das técnicas, em potência, mas também uma disponibilidade de espírito e contracção ventral que permita a explosão imediata da energia acumulada num instante preciso. Procurar, sobretudo, que o som provenha da parte baixa da região abdominal.A ConcentraçãoSem verdadeira, positiva e treinada concentração mental, não há karateca válido, como atrás dissemos. Sem o espírito, a eficácia da técnica arrisca-se a severas e decepcionastes desilusões. O que é afinal a concentração em karaté? Aqui abordo um outro factor importante: o domínio pessoal, o chamado autodomínio. Ora um karateca deve, em todas as circunstâncias, ficar calmo, tranquilo, sem qualquer atitude ou gesto ou contracção visível que deixe adivinhar as suas intenções. Esse tipo de concentração deve e pode ser usado no treino do "dojo", e na vida quotidiana. Lembramos a máxima: aquele que está bem preparado, não o parece. Esta é a atitude do karateca. A tensão é dissimulada numa concentração disponível, sem a mínima excitação que deforme a realidade e impeça a percepção exacta, instintiva, do acontecimento que se produza. Por outro lado parece um paradoxo entrar em acção com a energia explosiva do Karaté e manter o espírito lúcido e o sangue frio. Como conseguir essa maravilhosa indiferença frente a situação desesperada? Como conseguir esse vazio de espírito, esse desprendimento aparente, quando toda a energia física é desencadeada? A resposta só a podem os iniciados encontrar através da prática real do Karaté. A concentração está em contradição aparente com a disponibilidade de espírito uma vez que, frente ao adversário, o karateca não deve fixar nenhum ponto preciso para assim se aperceber e registar imediata e intuitivamente a menor abertura na sua defesa. É certo que a maioria dos mestres e instrutores são unanimes em aconselhar a concentração nos olhos do adversário para assim aperceber as suas intenções, mas o verdadeiro sistema, o ideal, é a concentração do olhar ao nível do meio dos olhos, conservando o olhar vago ou tentando olhar através do rosto, mas sem fixar as pupilas do oponente. Este método permite "sentir" o adversário da cabeça aos pés.

O treino de Karaté

O treino de Karate divide-se em três partes distintas – KIHON, (BASE) KATA (FORMA) e KUMITE (COMBATE).Qualquer uma destas disciplinas tem diferentes graus de dificuldade de acordo com as graduações a que se destina. Assim, cada graduação tem bem definido os objectivos a atingir.A disciplina de KIHON (treino básico) destina-se à aprendizagem pormenorizada das técnicas de Karate, através do qual o praticante tem oportunidade de repetir sistematicamente a mesma técnica ou uma sequência de técnicas, executando-as no ar, sem adversário.A disciplina de KATA (forma) consiste na execução de extensas combinações ou encadeamentos de técnicas, sequenciadas de modo a representarem situações de combate, sugerindo movimentos de defesa e contra-ataque contra adversários imagináveis. Deste modo, os praticantes são obrigados a movimentos em várias direcções e sentidos. São requisitos para um bom Kata – a força, a velocidade, o equilíbrio, a respiração, o ritmo, a intenção e a estética dos movimentos.A disciplina de Kumite (combate) consiste num treino em que dois praticantes se defrontam, atacando-se mutuamente usando exercícios sistematizados, com objectivos precisos. Deste modo se desenvolvem técnicas e capacidades indispensáveis para o combate de Karate. Nas graduações mais baixas os esquemas de treino são mais simplificados e pré – determinados. Depois, progressivamente e à medida que o praticante vai evoluindo, todo o formalismo vai diminuindo até á fase em que o combate é completamente livre e o resultado depende da capacidade de improvisação e imaginação do karateca.

As 26 Katas do Karate Shotokan

O que é que quer dizer a palavra kata?
É um termo japonês que quer dizer, molde, model, estilo e forma. Um kata de karate é um determinado número de técnicas básicas ordenadas. O kata torna-se mais difícil á medida que o praticante vai progredido o seu conhecimento. Heian Shodan é a primeira kata do nosso estilo (shotokan) não contém técnicas que requer habilidade e destreza física, mas parece ser um kata que os mais peritos usam-na para o resto de suas vidas, descobrindo erros e dificuldades para corrigir.
Qual a origem dos katas?
Todos estes katas excepto a hangetsu são do estilo Shuri-Tomari, Shuri é uma vila próxima de Naha (capital de Okinawa). Tomari é uma vila que fica no meio destas duas, as três cidades são sempre mencionadas como as fontes modernas do karate shotokan. Porquê as katas são importantes? No kata desenvolve-se coisas que em combate (kumite) ou treino básico (kihon) não é possível.
Apresentação dos nomes das Katas de Karate Shotokan praticados na JKA
1.Heians katas, estas são 5, contém as técnicas básicas mais importantes. Foram extraídas dos katas Konkudai e Bassaidai, pelo mestre Yasutsune Itosu.
O que caracteriza estes katas é que comecem sempre com uma defesa.
O grupo das Heian são 5:
Heian Shodan tem 21 tempos 9-17
Heian Nidan tem 26 tempos 11-26
Heian Sandan tem 20 tempos 10-20
Heian Yondan tem 27 tempos 13-25
Heian Godan tem 23 tempos 12-19
O grupo das Tekky são 3:
Tekky Shodan tem 29 tempos
Tekky Nidan tem 24 tempos
Tekky Sandan tem 36 tempos
A movimentação destes katas é feita somente para os lados. tekky = posição de cavaleiro ou montar a cavalo.
Katas do 1ºnivel avançado Bassai daí. = Conquista ao castelo, tem 42 movimentos deve ser executada com força e dignidade.
Kankudai. = vista para o céu, tem 65 tempos.
Jion = Nome de um templo no Japão, tem 47 tempos
Empi. = Voo de andorinha, o que caracteriza esta kata é a mudança repentina de direcção, tem 37 tempos
Hangetsu.= Meia lua, tem 41 tempos Katas avançadas
Bassai sho.= conquista á fortaleza, tem 27 tempos.
Jitte, = 10 mãos, 24 tempos Gankaku = pássaro no rochedo,tem 42 tempos
Konkusho= tem 48 tempos
Nijushiho= quer dizer 24 passos. tem 34 tempos
Sochin = forte e sereno. tem 41 tempos kiais 30-41
Unsun.= Afastar as nuvens, tem 48 tempos
Gojushiho sho = quer dizer 54 passos, tem 65 tempos Gojushiho daí . tem 67 tempos
Wankan = Coroa do rei, tem 24 tempos
Chinte = Mãos raras, tem 32 tempos.
Jiin = universo lugar de entendimento. tem 35 tempos
Meikyo = olhar-se ao espelho. tem 33 tempos